CARNAVAL 2020
“PAI! PERDOAI, ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM!”
Na contramão, a Mancha Verde vem colocar o dedo na ferida, vem expor o verdadeiro sentido da vida. Traz a realidade do mundo de guerras, preconceitos e injustiças. Uma reflexão sobre a humanidade e os atos condenáveis dos homens ao longo da história, relacionando o sofrimento das pessoas com o calvário vivido por Jesus Cristo. Forçar uma reflexão do verdadeiro sentido da vida e do seu real valor, que não é financeiro, e sim aquele que se constrói na base do amor.
Na contramão, a Mancha Verde vem colocar o dedo na ferida, vem expor o verdadeiro sentido da vida. Vem olhar para o real valor, que não é financeiro, é aquele que se constrói na base do amor. Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem!
Sinopse do enredo
O mundo está ao contrário! Tudo de pernas pro ar, não sei onde vai parar. O homem se deixou levar sem pensar nas consequências e olha onde fomos chegar. O sentido contrário, o inverso dos valores parece ter mais coerência do que a essência dos fatos. Por que os nossos valores são tão desvalorizados? Quanto vale a honestidade? Qual o preço da bondade? Quanto custa ser do bem?
Vivemos a decadência de um povo que, em sua essência, só faz o que lhe convém… Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem!
Seguindo a estrela guia que ilumina os caminhos com sua luz repleta de brilhos, magos revelam, nesta noite de magia, a chegada de um ser que a terra mudou, que tudo transformou.
É natal! A ilusão ganha as nossas mentes… Num delírio fascinante onde
personagens transformam tudo em um sonho encantado! Um paraíso de magias onde sonhos são realizados! Em uma celebração de amor, nossa história vem mostrar que todos os passos desse ser divino se repetem ao longo dos tempos!
Em nossa peregrinação, clamamos para que possamos compreender o real sentido dessa celebração. Em uma balança incoerente, onde um saco de presente pesa mais que uma cruz, papai Noel é lembrado muito mais do que Jesus.
Sabemos que dar presente é bom, mas bom mesmo é ser presente, é ser amigo, ser parceiro, ser o abraço mais quente, permitir que os nossos olhos enxerguem mais gente. Que neste momento surja uma reflexão, seja qual for a sua crença de fé e religião, pratique o bem sem parar. Pois não adianta orar se nada vai se transformar, se não existe ação! A final de contas o principal sentido é festa ou devoção? Pai! Perdoai, eles não fazem o que fazem!
Na origem do mal encontra-se, afinal, a traição, a ação surpreendente, inesperada e terrível! Com maldade no coração os sacerdotes traíram a fé! Se aproveitaram do dogma divinal e transformaram os templos religiosos num verdadeiro centro comercial, onde a fé valia menos que o capital! Por ganância caíram na tentação, comeram o fruto proibido… A maçã do pecado, neste caso, foi a cobiça que gerou grande injustiça! A todo instante, o homem se deixa ser ludibriado pela serpente do jardim do Éden, e por meio de sua vaidade trai seus mais profundos valores e comete injúrias, relembrando os velhos sultões, que se deixavam levar apenas pela luxúria. Cada ser humano apresenta duas faces: uma sublime que representa a imagem e semelhança divina, e a outra que trai, que se corrompe facilmente, que se alimenta da indisciplina! Assim como a lenda dos cisnes, Ariel e Calibã personificam as faces do ser humano: o bem e o mal! O cisne branco e o cisne negro!
O amor e o ódio! A melancolia e a ironia! A felicidade e a morbidez! O sorriso e o sarcasmo! Sendo assim, o homem vive a contradição de possuir esses dois lados, e transita de um para o outro com facilidade, a suavidade de um simples beijo pode ser o maior ato de crueldade. Falam da violência que o mundo vem sofrendo, da conta que o povo paga sem sequer estar devendo e de como a maldade em toda a velocidade todo dia está crescendo. Foi aí que eu percebi que era uma reunião.
Virtudes e Sentimentos debatendo essa questão. E a Razão disse à Bondade: “Só se muda a humanidade consertando o coração” para que no fim a vaidade soberana deixe de guiar toda e qualquer relação. Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem!
Será que o mal sempre vence no final? Nesta constante guerra interna o homem vive intensas contradições, momentos de bondade e momentos de crueldade! O problema se dá quando ao fazer o bem, o homem faz o mal! Coroamos com espinhos a humanidade entendendo que estávamos agindo com coerência, quando na verdade estávamos causando dor, e não ouvindo o seu clamor!
Na maioria das vezes a justiça existe para evitar o mal! Assegurar que todos possam ter direitos iguais… Que brancos, negros e índios convivam de maneira harmônica preservando seus aspectos culturais! Contra os princípios desiguais e tiranos que muitas vezes nos fazem voltar a idade média fez-se necessário a Declaração dos Direitos Humanos! E para assegurar o direito de viver sem sofrer agressões, as
mulheres se uniram numa luta ferrenha em prol de sua defesa com a Lei Maria da Penha! Porém, quando a cega justiça enxerga apenas o que quer, quando a balança ficar incoerente e o cidadão decente perder seus direitos para aquele que possui riquezas, apelem aos Deuses e do Olimpo virá uma ajuda celestial, a deusa da justiça Temis irá equilibrar a justiça com compaixão e moral! Cabe ao homem confiar na justiça divina, pois aqui na terra a tendência é ser juiz e condenar muitas vezes sem saber nem o que diz. Mas não é segredo que quando se aponta um dedo voltam três pro seu nariz. Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem!
Ao longo dos tempos muitos se calaram… As chamas do fogo da inquisição mataram muitos em forma de purificação. O sonho da igualdade racial foi interrompido por uma organização que agia de maneira brutal! O medo dominou a terra ao surgir ideologias que causaram muita dor e guerra. Sem pensar no amanhã o homem devasta suas matas, transforma tudo que era verde e vida, em morte e nem se importa, por conta dessa ação descabida a natureza é morta. A crueldade humana chega as últimas consequências, a morte deixa de ser surpreendente e passa a ser constante e presente!
Os verdadeiros heróis vivem histórias reais, não são estrelas famosas, não estampam os jornais, são como eu e você, seres humanos mortais. Eu acredito em heróis de carne, osso e suor. Heróis que acertam e erram, heróis de uma vida só, heróis de alma e de corpo que um dia viraram pó. Na hora da coroação da maldade, de cara com o dragão, símbolo do juízo final, o homem se depara com a verdade inalterada com toda a crueldade que faz no dia a dia resta-lhe apenas o pedido de perdão! Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem!
É hora de ressuscitar! Abrir os olhos e enxergar a vastidão do universo, ver o que há de bonito neste mundo infinito de formas e cores, olhar para as belezas do dia e da noite. Contemplar o mar, o céu e admirar as maravilhas do firmamento. Já é hora do homem ter esse entendimento! É hora de viver em harmonia com as nossas florestas e mostrar que não é tarde demais, que ainda é possível cuidar dos animais! E conviver em paz com os seus semelhantes, criar um homem novo, um ser divinal, capaz de superar todo o mal. É hora de vestir a fantasia da alegria todos os dias, pois a vida é uma corrida que não se corre sozinho. E vencer não é chegar, é aproveitar o caminho sentindo o cheiro das flores e aprendendo com as dores causadas por cada espinho. Por isso, devemos dançar, sambar e cantar, pois a vida é passageira e estamos de passagem prestes a partir! Celebrar em um só pensamento, abrir a nossa mente e agir de forma coerente. Vamos juntos celebrar a união neste momento de emoção ao pulsar do puro balanço de um só coração, para pararmos de errar e pedir perdão! Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem!
Concepção e criação artística: Jorge Freitas
Texto e pesquisa: Rafael Villares
SAMBA ENREDO 2020
(Clique com o botão direito do mouse para SALVAR)
Só o amor pode curar o mundo
No altar do carnaval, canto em oração
A mancha é a voz dos filhos teus
Olhai por nós meu Deus.
Ó senhor, benditos os que rogam o perdão
Derrame sobre nós a tua gloria
verás que a dor, não foi em vão
No céu uma linda estrela brilhou, reluz o salvador
Eu choro ao ver que o pecado me consome
Sou as duas faces desse homem
Que há de vencer o mal
É preciso lutar , exaltando Penhas e Marias
Que clamam por direitos , igualdade
Essa é a tua vontade
Em nome do pai, amém
Justiça e paz, aos homens de bem
Deus não criou raça, e nos ensinou
Aos olhos não existe cor
Quero me deitar em verdes campos
Ver a natureza florescer
Não ter a maldade como herança
Fazer valer, cada amanhecer
É hora de darmos as mãos,
cumprir a nossa missão
Perdoe se algo te fiz, me abraça e vem ser feliz
Nunca perca a esperança
Sempre é tempo de sonhar
A vida é um sopro divino, a se revelar
Compositores: Marcelo Casa Nossa, Guilherme Cruz, Rodrigo Minuetto, Rodolfo Minuetto e Darlan Alves.