CARNAVAL 2023
“OXENTE!”
Para o Carnaval 2023 a Mancha Verde prepara uma viagem às culturas e tradições do sertão pernambucano.
Criada e difundida por Lampião e seu bando, a dança do Xaxado era uma espécie de comemoração de vitória das batalhas.
Está pronto? Vem com a gente descobrir um pouco mais dessa história.
Sou Xaxado, sou Nordeste, sou Brasil!
Mancha Verde – Carnaval 2023
Sinopse do enredo
Eu nasci em Vila Bella
Entre carcarás, calangos e tatus
Originalmente, valente
À Serra Talhada, eu faço jus
Brenha marcada por um sol escaldante
Um cenário inebriante, terra seca de toda sorte
De macambiras, xique-xiques e mandacarus.
Eu vim de um solo sagrado,
Rachado e castigado pela estiagem,
Onde não tem água, mas sobra coragem
No âmago de um povo que sempre lutou.
Levantei poeira e tingi canela,
Até me tornar a dança mais bela
Que alguém já dançou.
Eu sou do tempo do cangaço
Herança de Lampião,
Onomatopeia de um passo
Tirado das sandálias ao tocar no chão,
Num chiado sutil e ritmado,
Que logo ganhou adesão.
Dançavam-me, comemorando vitórias
Do “bando” contra a oposição
Mulheres até então não entravam,
A dama era o rifle na mão
Aí, chegou Maria bonita,
Mulher arretada do “Capitão”,
Ganhei em formosura e beleza
Em toda caatinga virei atração.
E você que se interessou nessa história,
Humildemente, te peço atenção.
Se liga no que direi agora,
Para não haver confusão.
Uns dizem que fui criação indígena
Outros, do movimento de sachar feijão
Porém, surgi mesmo como “dança de guerra”,
Do cangaço, a mais pura expressão.
Eu fui “cabra da peste”
Dancei com destreza
Do corta jaca ao ataque e defesa,
Ostentando chapéu de couro, bornal e gibão,
Rico bordado florido de poesia
Bacamarte, cartucheira e facão,
Lenço colorido, enfeitando o pescoço
Cantil de cabaça, caneca e cordão,
Alpercatas empoeiras nos pés,
Protagonistas da dança em questão
E fui de natureza errante,
Mas como toda arte se sobrepõe à razão,
Logo me tornei relevante,
Deixando de ser coadjuvante,
Para fazer parte da memória,
O melhor trecho da história de Lampião
E já que toquei no assunto, te direi de coração:
A minha resiliência tem a ver com devoção,
Tanto quanto a fé ao meu “Padim Ciço”,
Que nunca me deixou na mão,
Amor peregrino, laços fortes,
Benção e religião.
E por conta dessa paixão que ostento no peito,
Desde então, com todo respeito,
Deixei de ser apenas invenção de “Virgulino”
Para cumprir o meu destino
Moda, costume e tradição.
E assim, eu sou
Do Mestre Vitalino, bonecos de Barro,
Na Literatura, Cordéis, Xilogravuras fiéis,
Genuíno relicário nordestino.
Oxente!
Sou “Mulher rendeira” dessa gente,
Que fez morada em toda parte,
Resistência, Cultura e arte,
Acompanhada de zabumba, triangulo e acordeão,
Sou “Dança de Cangaceiro”, ritmo contagiante
Que seduziu Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”
Sou a consagração
Do Mestre “Coruja” e seus Tangarás”,
Dos “Turunas da Mauricéia”, emboladas e muito mais,
Sou Música boa e diversão.
E numa época que a mulher não tinha vez,
Eu dei voz a “Majestade” Marinês,
Para o orgulho do meu sertão.
Eu sou baluarte forrozeiro, Assisão
Sou Xote, Forró e Baião,
Nos arraiais e nas minhas andanças,
Numa profusão de cores como nunca se viu,
Sou patrimônio imaterial de Pernambuco,
Sou o samba de raiz potente,
Mancha verde, Oxente!
Sou Xaxado, sou Nordeste, sou Brasil!
André Machado
Mancha Verde é emoção, oxente
Coração do nordestino, bate no peito da gente
Somos uma só família, êta povo abençoado
Hoje meu samba vai no passo do xaxado
Eu vim de lá
Também sou cabra da peste
Sou das bandas do nordeste
Vila Bela sim, sinhô
Serra talhada, chão rachado, poeirento
E um sentimento que reflete o meu valor
Oh meu “Padim Ciço”, fé e devoção
Minha história, tá na memória
Eu sou do tempo do valente lampião
“Se avexe não”, na tristeza dou um nó
No arrasta pé do xote, baião e forró
Puxa o fole sanfoneiro a poeira vai subir
Sertanejo chorou tanto, ta na hora de sorrir
Há esperança reluzindo em cada olhar
Faz um verso de amor, amanhã vai melhorar
O cangaceiro, na batalha triunfou
Até Maria Bonita no bando comemorou
“Olê, muié rendeira”
Na embolada dançando a noite inteira
Vem violeiro, num repente ajeitado
To “arretado”, a zabumba tá chamando
“Não há oh gente oh não”
Coisa melhor do que cantar o meu sertão
Quanta saudade “é tempo de voltar”
Salve! Mestre Vitalino
O meu orgulho, minha raiz
Patrimônio cultural desse país